4º Bispo – Dom Manoel Tavares de Araújo (ex-aluno)
Em 1959
Bispo de Caicó (RN)
Natural de São José de Mipibu (RN), nascido em 7 de junho de 1912. Foi ordenado sacerdote em 25 de outubro de 1936. No início do ano seguinte, nomeado pároco da Paróquia de São José, em Angicos (RN), ficando lá até 1959, quando fpo eleito bispo para a diocese de Caicó. Emérito, faleceu em Natal, em 18 de fevereiro de 2006 e está sepultado na Igreja Matriz de Sant´Ana e São Joaquim, em São José de Mipibu.
Fonte: A Ordem. Edição Especial do Centenário do Seminário de São Pedro.
Informações adicionais. Autoria: Pe. João Medeiros Filho
Dos sete bispos de Caicó, desde a criação da diocese, Dom Manuel Tavares de Araújo (1912-2006) é o terceiro na ordem de sucessão. Ocupou a Sé de Sant’Ana, após Dom José Adelino Dantas e governou a mesma, de 1959 a 1978, sendo, até o presente, o antístite que mais tempo dirigiu a grei do Seridó. Natural de São José de Mipibu (RN), de 1936 até a sua nomeação para o episcopado, era pároco de Angicos. Designado bispo por João XXIII, teve um apostolado profícuo junto ao povo de Deus de seu bispado, inclusive implantando as principais reformas preconizadas pelo Concílio Vaticano II.
Dividiu, em 1º de janeiro de 1968, a freguesia de Sant’Ana de Caicó, a qual, durante mais de dois séculos, permaneceu única no município. Parte do território foi cedido à nova Paróquia de São José, na sede diocesana. No mesmo dia, criou a Paróquia de Nossa Senhora dos Aflitos de Jardim de Piranhas, que compreendia também os municípios de Timbaúba dos Batistas e São Fernando.
A primeira rádio de Caicó (Emissora de Educação Rural) surgiu em 1963, graças aos esforços de Dom Tavares com ajuda dos diocesanos e dos católicos belgas e alemães. Hoje, a diocese conta com quatro emissoras, sendo duas em Caicó (AM e FM) e uma em Parelhas (AM) e a última em Currais Novos.
No setor educacional, é notável o esforço do terceiro prelado seridoense para dotar a diocese de um ensino que atendesse aos anseios da comunidade. Com a ajuda do Padre Itan Pereira, instalou no Colégio Diocesano o ensino médio, até então inexistente na cidade. Havia apenas um curso técnico de contabilidade (exclusivo para moças) funcionando no Ginásio Santa Teresinha. Não podemos esquecer o contributo de dom Tavares para a implantação do ensino superior na região. Em 1973, cedeu gratuitamente as instalações do antigo Seminário Santo Cura d´Ars para ali funcionar o Centro de Estudos Superiores do Seridó, na época, Núcleo Avançado de Caicó, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Foi além. Liberou um dos seus sacerdotes para dirigir aquela instituição universitária. E, na impossibilidade legal da Universidade contratar pessoal técnico e auxiliar, fez um contrato de prestação de serviços com o MEC para que não faltassem apoio e logística àquele Núcleo.
Não fez menos no plano espiritual. Teve a preocupação de dinamizar as paróquias, através de encontros, retiros, conferências e formando casas de religiosas para a animação pastoral. Desejou reciclar e aperfeiçoar o presbitério. Com os parcos recursos de que dispunha, enviou dois sacerdotes para cursar catequese no Chile e um para estudar ciências sociais em Roma. Dois padres especializaram-se no Instituto de Pastoral do Nordeste, dirigido pelo Padre Collard. Três seminaristas foram para a Bélgica a fim de concluírem seus estudos superiores. Os candidatos ao sacerdócio estudaram em ótimos seminários da época: João Pessoa, Olinda e São Paulo. Ordenou dez presbíteros pertencentes ao clero diocesano e um frade capuchinho acariense.
Foi um apóstolo itinerante. A Residência Episcopal era nas diferentes paróquias, onde ensinava a palavra de Deus, catequizando o seu rebanho com as novidades do Concílio e alimentando-o com o Pão da Vida. De pregação atualizada, profunda, teológica e simples, deixou saudades junto àqueles que admiravam seu carisma de pregador e sua piedade. Homem de oração e estudos. Somos testemunha de suas leituras diárias, repassadas aos irmãos no sacerdócio, sobretudo aos mais atarefados.
Dom Manuel Tavares teve um pontificado de provações. A estatística do clero em seu pontificado não é das mais positivas. Nos 18 anos à frente do bispado, perdeu vinte sacerdotes: três faleceram (Monsenhores Walfredo, Paulo Herôncio e Amâncio Ramalho); sete padres laicizaram-se; três deixaram definitivamente a diocese e cinco religiosos da Congregação da Missão (padres lazaristas), que cuidavam do Seminário, desligaram-se do bispado. Acrescentemos a essa estatística dois sacerdotes que saíram temporariamente da diocese. Houve época em que Dom Tavares dirigiu seu rebanho com apenas nove presbíteros, acumulando as funções de bispo e pároco da Catedral.
Até os 84 anos, como bispo emérito ainda animava o povo de Deus no Seridó. Continuou com seu amor às paróquias e o vemos anunciando o Reino de Deus e dizendo a todos as palavras que se tornaram o seu lema: “In omnibus Christus” (“Em tudo Cristo”. Cf. Col. 3,11). A muitos consolou e deu esperança, mostrando o sabor das coisas divinas, como disse o Cristo à samaritana: Ah! Se tu conhecesses o Dom de Deus (Jo 4,10).
Em 1959